A Serrada da Velha é uma antiga tradição popular integrada nos rituais de passagem, ligada ao simbolismo da regeneração e renovação, recebendo várias leituras: destruição do que é velho para dar lugar ao novo; celebração da “expulsão da morte” que marca, no limiar da primavera, o renascer do novo ano agrário; personificação da Quaresma, da qual marca o meio; a irreverência da Serração da Velha contrastante com a austeridade da Quaresma, estando aí parte da sua força enquanto momento de crítica social; a Serração da Velha como um incompreensível desaforo; ritual de crítica social, ruidoso e trocista, no qual a velha resume os males do grupo.
A comprovar a antiguidade da tradição na vila de Ponte de Lima refira-se a existência, na sacristia do Museu dos Terceiros, de um azulejo datável de fins do século XVII, que mostra uma figura vestida à moda da corte com um pau na mão, no qual está enfiado um boneco representando uma velha.
Em Ponte de Lima, a Serrada da Velha é comemorada em data fixa, numa quarta-feira, a meio da Quaresma. Realizada a construção prévia de bonecas de jornal, os participantes rumam ao centro histórico para integrarem um cortejo, culminando o evento na queima das bonecas no Largo de Camões. Pelas ruas da vila apregoam:
“Olha o balão, olha o balãozinho.
Olha uma velha, enfiada num pauzinho.”
No dia 6 de março, ALUNOS DA EB António Feijó e Crianças do JI de Ponte de Lima cumpriram esta secular tradição, saindo das suas salas com as bonecas de papel, que terminaram queimadas.