Uma viagem pela publicidade anterior ao 25 de Abril

___________ Cineclube António Feijó ___________

Inspirados nas sugestões do magazine digital online do Plano Nacional de Cinema, «O Cinema é o Limite… Especial 50 anos – 25 de Abril», abordámos no nosso Cineclube de 24 de janeiro o tema «Publicidade antes do 25 de Abril».

Sessenta alunos do 8.º ano assistiram a alguns filmes publicitários de animação das décadas de 50 e 60 do século XX: Grandella, Laranjina C: Bailinho, Laranjina C: Gotas, O Bate Latas, Schweppes, Espias (versão integral) e Espias (versão censurada). Foi interessante conversar sobre cada um: a imagem, o som, a forma de locução quando era anunciado o produto através do slogan, tão diferente na dicção e na entoação das palavras da forma de falar de hoje em dia…

Dar a conhecer as empresas e os produtos anunciados, parte da História do nosso país, foi também um dos objetivos. A Laranjina C extinguiu-se nos anos 80, fruto da concorrência das grandes marcas de refrigerantes estrangeiros. A Schweppes tem uma história interessantíssima que começa na Suíça no séc. XVIII e ainda existe, absorvida por uma grande empresa norte-americana. A Sacor acompanhou o percurso histórico do país: nacionalizada após o 25 de Abril, foi Petrogal e posteriormente integrada na Galp. E que dizer da primeira grande superfície portuguesa, os Armazéns Grandella, no Chiado? Tantas histórias para contar, desde a da sua fundação, nos finais do século XIX, até ao trágico incêndio de 1988 que ditou o seu fim.

A conclusão a que se chegou foi a de que a boa publicidade continua a cumprir a sua função e os alunos gostaram sobretudo do humor utilizado pelos realizadores Servais Tiago, pelo inesperado, e Mário Neves, pela interação entre a imagem e a banda sonora (Laranjina C: Bailinho agradou especialmente, arrancando risadas quando uma das personagens, no final, diz com uma voz muito peculiar «Laranjiiiina»).

Mas o que se revelou mais cativante foi observar a diferença entre as versões de «Espias». Primeiro vimos a versão não censurada. Depois perguntamos aos alunos o que teria sido censurado. As respostas foram variadas: os vestidos das mulheres representadas, o facto de estarem a fumar, o facto de serem mulheres, pois as ações praticadas seriam mais próprias de homens, a violência…. Só o Eduardo adivinhou: a tesoura usada num dos crimes representados, censurada pela própria tesoura da censura. E a maioria, mesmo não adivinhando, foi capaz de detetar esse pormenor quando viu a segunda versão.

Para rematar, foi apresentada a excelente reportagem «Revolução dos Cravos alterou a indústria da publicidade», disponível no site RTP Ensina (https://ensina.rtp.pt/artigo/revolucao-cravos-alterou-publicidade).

Mais uma vez, todos aprendemos muito com o Cinema. E divertimo-nos!

Profª Ana Margarida Luciano